Brasil

ALGÚNS VÍNCULOS CULTURAIS ENTRE AS CULTURAS GALEGO-PORTUGUESA E BRASILEIRA

INTRODUCÇÃO
O património que versa sobre as tradições orais do Norte de Portugal e Galiza, que abarca também toda a cultura imaterial a que essa tradição oral se refere e da qual, é sustentáculo, como modo de o dizer, transmitir e ensinar, é fruto de cruzamentos culturais cujas origens ultrapassam o espaço ibérico. Mas se na sua origem e construção no tempo recebeu influências múltiplas, também ele não se restringiu a este espaço geográfico, partindo nos porões dos navios para terras longínquas, alimentando sonhos e imaginários daqueles que procuraram novas terras. Aí, em terras longínquas, dialogou com as tradições, a arte e os saberes dos seus habitantes. O imaginário e o lendário dos emigrantes e aventureiros, as suas músicas e tradições, cruzaram-se no largo das aldeias e cidades com outras tradições. Com o tempo surgiram expressões culturais novas e ricas que agora definem identidades também elas ricas e novas. Mas também aconteceu permanecerem os sinais, e os “jeitos” de uma marca distante. Por vezes até se procurou a sua origem em continentes e tradições que depois se verificou não serem os indicados. Com os emigrantes do Norte de Portugal e da Galiza partiu para o Brasil essa riqueza imensa e esse saber tradicional que agora queremos ver ser reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade.

Se a relação histórica entre Portugal e o Brasil é bem conhecida, tendo deixado a mesma manifestações culturais que revelam as influências mútuas entre os dois países, menos conhecida é a relação com a cultura galega, berço originário de todas elas. Desde os inícios do relacionamento entre o Brasil e a Europa a presença galega faz-se evidente, embora muitas vezes confundida com a portuguesa, por serem, na realidade, dois ramos de uma mesma cultura. Esta identidade cultural observa-se em numerosas manifestações culturais, das quais apenas queremos apresentar algumas que por desconhecidas podem ser mais esclarecedoras.

1.- AS PESSOAS
2.- A LÍNGUA
3.- A LITERATURA ORAL
4.- A RELIGIÃO
5.- A MÚSICA E A DANÇA
6.- AS FESTIVIDADES
7.- ACTIVIDADES PRODUTIVAS
AUTORES

1.- AS PESSOAS

1.1: Caramuru
(Jorge Rodrigues)
O herói lendário da fundação da Bahia Diego Álvares Correia nasceu na cidade galega da Corunha. Em 1510 embarcou caminho do novo mundo, apesar dos marinhos galegos não contarem com a autorização dos reis de Castela, para comerciar com o chamado pau-brasil. Na baía de Salvador o seu barco naufragou sendo ele o único sobrevivente. Diego Álvares conseguiu ser aceitado polos indígenas, os tupinambás, chegando a casar com a filha do cacique Taparica, a bela Paraguasu.

Da importante colónia galega no Brasil surgiram personalidades tão importantes como a escritora Nélida Pinhom, cujas obras estão hoje traduzidas para as principais línguas do mundo.

Entre os galegos que se radicaram no Brasil há também que salientar os exiliados, nomeadamente intelectuais como o poeta José Velo Mosqueira, quem abriu uma livraria e fundou uma editorial em São Paulo .

1.2: A Muller Serrana
(Alvaro Campelo)
Incluída nas lendas mais influentes do imaginário medieval, a temática da mulher serrana, próxima do selvagem ou indomável, ocupou também no mundo dos emigrantes um lugar importante. Estes emigrantes deixaram nas terras do Brasil narrativas onde esta mulher serrana aparece. Umas vezes no Sertão outras apropriada pelo imaginário amazónico, esse mundo lendário herdado da península permanece na tradição oral popular brasileira.

1.3: A Imigração
(Andityas Soares de Moura)
A partir de meados do séc. XIX, a imigração galega para o Brasil foi
enorme. Assim, o termo “galego” muitas vezes assumiu o significado de
“estrangeiro” em terras brasileiras. Como os galegos que vinham para o
Brasil normalmente trabalhavam em ofícios humildes, logo o vocábulo “galego”
passou a ter um significado negativo, como o provam os bons dicionários da
língua no Brasil, tais como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e o
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.

É de se notar que o Brasil era um das destinações mais comuns para os
imigrantes de certas zonas do sul da Galiza. Ainda hoje existem quase
100.000 galegos no Brasil. Na verdade, o Brasil é um segundo lar para muitos
galegos, o que gera uma irmandade inegável entre ambos os povos. Há até
mesmo uma quadra popular galega, aproveitada por Rosalía de Castro em seu
cantar nº 19 (Cf. DE CASTRO, Rosalía. Cantares gallegos. Edición de Ricardo
Carballo Calero. Madrid: Ediciones Cátedra. Letras Hispánicas vol. 16, 10ª
edición, 1998.), que demonstra a ligação profunda entre as duas nações:

Si o mar tivera barandas,
fórate ver ao Brasil;
mais o mar non ten barandas,
amor meu ¿por dónde hei de ir?

2.- A LÍNGUA
2.1: Vocabulário
(Jorge Rodrigues)
Nas variantes regionais da língua portuguesa do Brasil encontramos numerosos vocábulos comuns na língua da Galiza: onte, antonte, tamém, virge, luitar, enxuito, escuitar, chiculate, auga, orfo, hominho, açucre, despois, ferruge, tresantonte, fruita, ordes, saluço, pelingrino, arco-da-velha, coresma, corenta, coma (= como, conjunção comparativa), ca (= que, conjunção comparativa), num (“não”, na Galiza nom). Formas verbais como vinhesse (viesse), dixe (disse) . Tudo isto indica uma antiga identidade linguística que supõe relacionamentos muito antigos.

2.2: Linguistas
(Jorge Rodrigues)
A identidade linguística acima citada é o motivo de linguistas brasileiros, portugueses e galegos partilharem a sua pertença às mesmas organizações linguísticas: professores brasileiros como Leodegário A. de Azevedo Filho ou Gladstone Chaves de Melo foram nomeados membros de honra da Associaçom Galega da Língua. Do Conselho Científico da revista galega Agália, Revista de Ciências Sociais e Humanidades, publicada pela Associaçom Galega da Língua, fazem parte professores brasileiros como Reynaldo Valinho, Leodegário A. de Azevedo Filho, Gilda da Conceição Santos, Júlio Barreto Rocha, Márcio Ricardo Coelho Muniz, Raul Antelo ou Yara Frateschi Vieira.

2.3: Gírias Gremiais
(Jorge Rodrigues)
A emigração galega ao Brasil não se limitou à importante colónia da Bahia, tendo a sua presença notáveis consequências culturais tanto no Brasil como na Galiza. Um exemplo desta afirmação encontramo-lo na gíria gremial dos telheiros galegos, uma fala secreta que estes operários utilizavam nas suas comunicações internas, e na qual registamos termos de origem brasileira como carapinas ‘carpinteiro’, caiporas, ou fosquete ‘ánus’ (termo de calão). Numerosos membros deste grémio de telheiros galegos emigraram a Santos, onde exerceram a sua profissão e ensinaram a sua gíria a operários brasileiros que trabalhavam com eles. Relacionada com este facto conta-se a seguinte história que recolhemos do escritor galego Domingos Álvarez Álvarez e que afirma ter-lha ouvido ao pintor António Fernández Gómez quem presenciou o facto:

“Aconteceu na cidade de Santos, na Rua 15 de Novembro. Á porta de uma loja estavam dois galegos, quando vêem chegar um homem negro muito bem vestido e levando do braço uma rapariga branca que atraía a atenção pela sua beleza e elegância. Um dos galegos diz-lhe ao outro:

– Daorde: aguça prò fusco. Que calhoa gida agouchou! Parinhará relha? (Companheiro: olha para o negro. Que mulher linda arranjou! Será puta?)
E o negro vira-se sorridente e, em tom de troça e com graça, diz-lhes:
– A que para magina calhoa do moi. Relha parinharia a geba que vos botigou. (Esta é minha mulher. Puta seria a nai que vos pariu.)
E continuou o seu passeio.
Os galegos olharam-se boquiabertos, e, finalmente, exclamou um deles:
– Quem havia de supô-lo? O docraibo do fusco galrua o verbo como se parinhasse daorde! (O demo do negro fala a gíra como se fosse telheiro!).

Depois souberam que aquele negro era o popular Mendes, empreiteiro muito conhecido e estimado pela sua honradez e bom trato, que vivera sempre com galegos e aprendera o verbo dos daordes (gíria dos telheiros), ao mesmo tempo que trabalhava de alvanel com telheiros.”

3.- A LITERATURA ORAL

3.1: O Romance
(Alvaro Campelo)
O “Romance”, tradição oral com fortes tradições em vários países Europeus, encontra no Noroeste Português uma dos seus locais privilegiados de expressão e de conservação. É nesta região onde ainda encontramos hoje contadores e cantores do romance popular. As grandes recolhas do romance, feitas desde o século XIX e ainda hoje objecto de intenso estudo comparativo, foram realizadas nesta região. Tendo-se espalhado por outras regiões, como a Madeira, ele seguiu também para o Brasil. Entre as várias versões de alguns romances já estudados, encontram-se versões no Brasil que denotam a influência de emigrantes Galegos nas variantes que revelam. De alguma forma o Brasil foi esse espaço síntese onde se preserva uma parte significativa da tradição deste Norte Peninsular. Muitos dos romances tradicionais entraram no conto popular e nas festividades nordestinas.

Bráulio do Nascimento, (1997). “Um Catálogo do Conto Popular Brasileiro”. Revista Lusitana (Nova Série), 16: 73-90.
Caufriez, A. (1998) Romances du Trás-os-Montes. Paris: Fondation C. Gulbenkian.
Galhoz, M.A. Dores (1987) Romanceiro popular português. Lisboa: INIC.

3.2:. A Improvisação
(Andityas Soares de Moura)
Para além da nítida influência do romanceiro popular galaico-português na
cultura popular brasileira, especialmente no Nordeste, onde o repente, o
canto de improvisação e os desafios são muito comuns até os dias de hoje,
conformando um gênero riquíssimo que se costuma chamar de “literatura de
cordel”, uma vez que os pequenos volumes que recolhem tais cantigas são
vendidos em feiras no Nordeste, que os disponibilizam pendurados em cordas,
é de se notar que o cancioneiro medieval galaico-português d’amigo, d’amor e
d’escárnio e mal-dizer sempre constituiu matéria privilegiada para grandes
escritores brasileiros. Apenas para citar alguns nomes modernos, é de se
lembrar que escreveram cantigas de amigo e de amor, à moda neotrovadoresca
da Galiza, autores de escol como Guilherme de Almeida e Manuel Bandeira.
Ademais, a influência trovadoresca galaico-portuguesa permanece viva até os
dias de hoje na poesia brasileira contemporânea.
O repente nordestino tem muitas manifestações de semelhança com os cantares ao desafio do Norte de Portugal em métricas, ritmos e conteúdos.

4.- A RELIGIÃO

4.1: Sincretismo
(Jorge Rodrigues)
Um dos apectos mais característicos da religião do Brasil é o sincretismo, nomeadamente a identificação dos santos católicos com os deuses das religiões africanas. Curiosamente também na Galiza e em Portugal se produziu o mesmo fenómeno, embora, tendo acontecido há muitos séculos, se tenha perdido a sua consciência: os deuses e deusas da primitiva religião dos galaicos, de origem indo-europeia foram substituídos por santos e santas da religião católica imposta pelos romanos. Contudo, ainda hoje é possível identificar estes santos com os deuses antigos, baseando-nos nas características dos primeiros.

4.2: Toques à Morto
(Andityas Soares de Moura)
Tal como no interior do Brasil, especialmente nas cidades históricas de
Minas Gerais, quando alguém morre na Galiza rural os sinos das igrejas
anunciam o fúnebre acontecimento com uma espécie de toque lento, bastante
característico. Trata-se do “toque à morto”, costume descrito por Rosalía de
Castro no poema IV de “¡Pra a Habana!” (Cf. DE CASTRO, Rosalía. Follas
novas. Edición de Marina Mayoral e Blanca Roig. Vigo: Edicións Xerais de
Galicia. Biblioteca das letras galegas vol. 20, 6ª edición, 2001.)

4.3. A Santa Compaña
(Andityas Soares de Moura)
A arraigada crença galega na Santa Compaña, espécie de procissão
fantasmagórica anunciadora da morte próxima, trasladou-se ao Brasil, uma vez
que é comum ouvir relatos de pessoas da zona rural a respeito de reuniões de
fantasmas ou espíritos malignos, especialmente durante a época da Quaresma.

5.- A MÚSICA E A DANÇA

5.1: Instrumentos Musicais
(Alvaro Campelo)
Também a música e a dança foram levadas pelos colonos para as terras de além-mar. Alguns estudiosos brasileiros procuram nas terras do Norte de Portugal os sons de bombos e tambores que outros quiseram imediatamente filiar nas tradições africanas. Se os tambores e os bombos são instrumentos preponderantes nas músicas do Norte de Portugal e da Galiza, eles estão desde sempre presentes nas músicas tradicionais e nos encontros populares do Brasil. Encontramos no Brasil, no seu folclore tradicional, cantigas e danças que se aproximam das que se cantam e dançam em Portugal. Uma delas é a chamada “Cana Verde” (em alguns lugares “caninha-verde”). A disposição da dança e do cantar, apesar das diferenças causadas pela aculturação, tem semelhanças com a de Portugal. Veja-se por exemplo o conjunto para as festas Boi de Mamão, celebrada em São Francisco do Sul, Santa Catarina. Os instrumentos presentes são: tamborim, pandeiro, gaita (sanfona), tambor e violão.

5.2: Passos de Dança
(Alvaro Campelo)
Mesmo danças hoje tão populares na Bahia, como o forró, baseiam os seus passos em outros populares portugueses, ainda hoje interpretados pelos ranchos folclóricos.

5.3: Canções Tradicionais
Muitas canções tradicionais do Nordeste do Brasil são idénticas a cantigas tradicionais do Norte de Portugal e da Galiza, como é o caso do “Alecrim” e da “Peneira”, cantadas por Luiz Gonzaga e das que existem versões ancestrais recolhidas por etnógrafos em aldeias perto do Rio Minho.

6.- AS FESTIVIDADES

6.1: O Espírito Santo
(Alvaro Campelo)
Muitas das festividades populares brasileiras têm a marca que os emigrantes portugueses levaram das suas terras do Norte de Portugal. Se bem que as Festas dos Espírito Santo são comuns a outras regiões do País (e celebradas com particular interesse nas ilhas dos Açores, com os seus famosos “Impérios”), já a organização das mesmas ao longo do período que precede e se prolonga depois da Páscoa, culminando, assim, na dita festa do Espírito Santo, é revestida e momentos que vemos em muitas das festividades nortenhas.

6.2. O São João
(Alvaro Campelo)
Uma outra que é vivida com particular significado no mundo simbólico do norte de Portugal e da Galiza, a festa de São João, encontra também no Brasil um lugar de destaque O ciclo joanino celebra-se por exemplo em Caruaru e Campina Grande, onde quase todos os elementos presentes nas festividades de S. João em Portugal estão presentes, onde se destacam, por exemplo, as fogueiras, a celebração das noites com grupos de cantores, etc.

6.3: O São Gonçalo
(Alvaro Campelo)
Poderíamos citar muitas outras. Mas citamos a Festa de S. Gonçalo. Ela é no Brasil herdeira da Festa de S. Gonçalo de Amarante. A fé em São Gonçalo teve maior repercussão na zona sertaneja. Muito comum é esse culto festivo no interior do Brasil, notadamente em São Paulo, onde é “dança de São Gonçalo”, no Paraná, onde se chama “sarabanda de São Gonçalo”, e no Rio de Janeiro, onde tem o nome de “festa de São Gonçalo”. Esta festividade tem uma rica tradição oral nas cantigas aí celebradas e que entraram no cancioneiro popular da região onde se celebram e nos espaços circundantes.

“São Gonçalo milagroso
Que veio de Portugal,
Ajudai-me a vencer
Essa batalha real.

São Gonçalo pequenino
Realmente em seu altar.
Seus poderes são tão grandes,
Que faz as moças casar.”
(Lira, Mariza; Calendário folclórico do Distrito Federal)

– LIMA, Cláudia Maria de Assis Rocha. História junina. Recife
– SOUTO MAIOR, Mário e VALENTE Waldemar. Antologia pernambucana de folclore. Recife, Ed. Massangana / FUNDAJ, 1988
– SILVA, Leny de Amorim. “O ciclo junino e seus santos”. Em Antologia pernambucana de folclore, p.151.
– BONALD NETO, Olympio. “Bacamarteiros”. Em Antologia pernambucana de folclore, p.215.
– SILVA, Leonardo Dantas. O cancioneiro do ciclo junino. Folclore 251. Recife, FUNDAJ, junho de 1998
– PHAELANTE. Renato. Baião 50 anos de estrada. Folclore 233 . Recife, FUNDAJ, julho de 1996
– ROCHA. José Maria Tenório. Danou-se! As quadrilhas atuais tomaram um verdadeiro banho de americanização. Folclore 241. Recife, FUNDAJ, agosto de 1997

7.- ACTIVIDADES PRODUTIVAS
7.1: O Boi
(Alvaro Campelo)
Se nas tradições do Barroso o “Boi do Povo” ocupa lugar central na economia local e nas relações de reciprocidade intra e estracomunitárias, Ele também está presente em muitas das festividades do Brasil sob várias designações. Desde o Boi-Bumbá no Norte do Brasil, passando pelo Bumba-Meu-Boi, em Goiana, o que assistimos é o aproveitamento de tradições locais com as trazidas pelos colonos portugueses, onde pelas festa do Espírito santo ou nas de S. Tiago, dois mundos se confrontam, numa luta que fala de antagonismos a lembrar a sempre presente luta entre cristãos e muçulmanos, tão importante no teatro popular português com origens carolíngias, sendo que uma das mais significativas, em Portugal, se celebra no lugar das Neves, em Viana do Castelo.

7.2: A Culinária
(Andityas Soares de Moura)
Na culinária, as semelhanças entre Brasil e Galiza são enormes. Os
populares “zonchos” aludidos por Rosalía de Castro em seu 1º cantar (Cf. DE
CASTRO, Rosalía. Cantares gallegos. Edición de Ricardo Carballo Calero.
Madrid: Ediciones Cátedra. Letras Hispánicas vol. 16, 10ª edición, 1998.)
são muito semelhantes aos “pinhões” no Brasil. Ambos são espécies de
castanhas cozidas com pele. Já a “torrexa” galega, pedaço de pão embebido em
ovos e leite (ou vinho), frito e depois açucarado, comida também refenciada
por Rosalía em seu cantar inicial, encontra simile perfeito nas “rabanadas”
brasileiras, comuns no Estado de Minas Gerais.

A muiñada galega se assemelha a diversas festividades populares, hoje
quase extintas no Brasil, que ocorriam na época da colheita de gêneros
alimentícios. Além disso, alguns utensílios tipicamente galegos, como o pote
de caldo, são também comuns em certas zonas rurais do Brasil.

7.3: Barcos
As “jangadas”, barcas tradicionais de pesca do Nordeste do Brasil, tên uma tipología muito similar com embarcações tradicionais a vela do Noroeste peninsular, existindo inclusivamente no rio Minho uma barca chamada “jangada”.

7.4: Ferramentas
A palavra “rodo” aplicase a uma ferramenta de trabalho no campo comum a galegos, portugueses e brasileiros, tendo ainda a expressão “passar o rodo” para indicar a recolhida de fichas e dinheiro nos casinos (em Portugal ou na Galiza), ou de pessoas na rua pelos trios elétricos no Carnaval (no Brasil).

Autores
– Jorge Rodrigues, do IES Pedra da Auga, Ponteareas, Galiza
– Alvaro Campelo, do Centro de Antropologia Aplicada do Porto, Portugal
– Andityas Soares de Moura Costa Matos, da FEAD-Minas, Brasil

Coordenado por: Lourdes Carita (PNO-Portugal) e Xabier Prado (PEA-UNESCO)