No ano 2001, coincidindo com as primeiras proclamações das Obras Mestras do Património Imaterial, a Associação Cultural e Pedagógica Ponte…nas Ondas! juntamente com as Escolas Associadas à UNESCO começámos, no âmbito das nossas actividades anuais, a trabalhar o Património Imaterial Galego-Português, cumprindo um dos nossos objectivos fundamentais: fomentar a diálogo entre a cultura galega e a portuguesa.
Fruto destas actividades nasceu a ideia de apresentar uma candidatura à UNESCO para que esta proclamasse o património imaterial galego-português como Obra-Mestra do Património da Humanidade. Com essa finalidade, cheios de ilusão, começámos a trabalhar, a finais de 2001.
Muitas ilusões e forças foram ficando pelo caminho e, por várias vezes estivemos a ponto desistir perante as dificuldades que iam aparecendo ao longo do percurso mas uma sã teimosia, obstinação e constância aliadas, por vezes, a golpes de sorte, fizeram com que, em Outubro de 2004 conseguíssemos apresentar em Paris, na UNESCO, o dossiê requerido para participar nas terceiras e últimas – proclamações.
No mês de Maio de 2005 recebemos uma comunicação da UNESCO em que se nos informava de que o nosso trabalho estava muito bem e só se nos solicitavam algumas concretizações sobre determinados aspectos do dossiê. Como prova de que o trabalho lhes agradava, sugeriram que modificássemos o título, passando-o para o plural: “As tradições orais galego-portuguesas”, o que aceitámos dado que reflectia ainda com mais exactidão a nossa perspectiva. Aquele passou a ser o título definitivo do dossiê.
Uma vez que todo o dossiê, vídeo e demais materiais que a organização internacional requeria foram enviados para Paris, dedicamos os últimos seis meses a difundir entre a sociedade galega e portuguesa a existência desta candidatura e percorremos o território no afã de que toda a sociedade tomasse conhecimento de que a sua cultura tradicional era candidatada a ser património da humanidade. Fruto deste esforço foram as actividades que organizámos ou em que participámos em Melgaço, Cambados, San Tirso de Abres (Astúrias), Vilafranca do Bierzo, Lugo, Ourense, Compostela, Vigo, Porto, Lisboa, etc. Fruto deste trabalho é a divulgação da Candidatura e o apoio explícito dado por ……………concelhos ,……………….associações, ……………….. escolas………………e …………organizações.
Neste último tramo da Candidatura contámos com o apoio decidido do actual governo da Xunta de Galicia que tomou como próprio este projecto e que trabalhou connosco até ao último momento.
Mas chegou o momento da decisão final e a nossa candidatura não foi proclamada. Que aconteceu? Segundo as informações que temos foi determinante a avaliação externa, solicitada pela UNESCO a uma pretendida ONG de Portugal, designada por “Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas” em que se manifestavam algumas reticências à nossa candidatura “…por ter um campo de referência extremamente amplo, o que torna difícil a aplicação do plano de acção”.
A UNESCO, sem valorizar que esta era uma candidatura das escolas, incluídas as suas próprias escolas associadas, em que se trabalhava há mais de quatro anos com entusiasmo e com o apoio explícito de grande parte da sociedade, apenas tevo em conta aquela avaliação e, modificando os seus critérios, posto que em lado nenhum se especificava que as Candidaturas deveriam ser sobre manifestações concretas e, contrariando a sua própria história, dado que na primeira proclamação se proclamara a Cultura do Povo Záparo da América Central, decidiu rejeitar a nossa candidatura.
E a partir de agora, quê? A decisão, por injusta, não diminuiu, no nosso ânimo, a ideia de prosseguir o trabalho de recuperação, salvaguarda e difusão da nossa cultura tradicional e, contando com o apoio decidido da Consellería de Cultura e do Goberno da Xunta, em geral e das competentes autoridades portuguesas, pensamos que se abrem novos horizontes de trabalho e cooperação entre as escolas dos nossos dois países para continuar a lutar pelo conhecimento mútuo, sobretudo através duma cultura com um passado comum esplendoroso e com um património de excelência para o futuro.
Um saúdo